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Olhar Olímpico

Joanna revela crise do pânico, desmaio e vômito antes de bater recorde no Mundial

Demétrio Vecchioli

23/07/2017 16h10

Joanna Maranhão festeja mais um recorde sul-americano (Satiro Sodré/SSPress/CBDA

Joanna Maranhão saiu da piscina da Duna Arena, em Budapeste, na tarde deste domingo, radiante por ter, enfim, batido o seu único recorde sul-americano que perdurava desde 2009, quando os trajes tecnológicos ainda eram permitidos. Mas por pouco ela mais uma vez não apareceu para nadar nem nas eliminatórias. Pela manhã, havia desmaiado, vomitado e tido uma crise de pânico.

"Eu estava no banheiro e só sei que acordei, levantei e falei: 'p… que pariu', de novo. Olhei para o espelho e estava com o nariz sangrando. Aí começa a crise de pânico. Aí começa o pensamento: 'Foge'. Pensei: 'Vou voltar a dormir, não vou nadar'. E aí é aquela luta. Fiquei orando, desci para o café, comi, vomitei o café", contou ao Olhar Olímpico, com o nariz machucado.

Não é a primeira vez que isso acontece. Em 2012, na Olimpíada de Londres, Joanna também desmaiou pela manhã, antes de nadar os 400m medley. Mas, na ocasião, ela cortou o supercílio e não conseguiu ir à piscina para competir. Só esse ano, ela já havia desmaiado em outras duas ocasiões de nervosismo: quando foi barrada no aeroporto antes de viajar para uma competição porque seu passaporte estava por vencer e na primeira vez que ficou sozinha na nova casa depois de se casar com o judoca Luciano Corrêa.

Desta vez, porém, ela recebeu o apoio da equipe brasileira, que a ajudou "passo a passo" para encarar a crise de pânico e nadar as eliminatórias. "Quando eu estava chegando, que eu via a Duna Arena, eu só pensava que queria ir embora. O (Fernando) Vanzella (técnico da seleção) veio me ajudar, parecia que estava tratando com criança. Veio comigo até o , parecia criança. Veio comigo até o balizamento. Mas depois que eu entro na água tudo passa."

Na piscina, Joanna mostrou estar de fato na melhor fase da carreira. Dona de sete recordes brasileiros em piscinas longas, ela enfim derrubou o único recorde que restava da época dos trajes, os 2min12s12 de Roma nos 200m medley. Na semifinal, à tarde, nadou para 2min11s24, marca que a deixou no décimo lugar. As oito primeiras passaram à final.

Perguntada se ficava um gosto agridoce pelo recorde sem final. A resposta foi: "Tô nem aí. Foi a vez que cheguei mais perto de estar em uma final. Cheguei muito perto das meninas que são as melhores dos 400m medley", em referência à prova principal de Joanna, que será só no domingo que vem. Antes ela ainda nada os 200m borboleta.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.