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Olhar Olímpico

Nova gestão da CBDA demite 15 funcionários sem pagar direitos trabalhistas

Demétrio Vecchioli

13/07/2017 13h44

A crise política na Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) parece estar longe de acabar. Depois de prometer que não faria uma "caça às bruxas", o presidente Miguel Cagnoni é acusado de fazer exatamente isso ao demitir ao menos 15 funcionários. Outros quatro pediram demissão. Nenhum deles recebeu seus direitos trabalhistas. No total, metade do quadro da equipe de colaboradores da CBDA foi mandada embora pela gestão que assumiu em 9 de junho.

"A nova diretoria entrou prometendo que não iria mandar ninguém embora. Mas eles primeiro começaram mandando embora os coordenadores e depois os funcionários. Foram mandando todo mundo embora, sem justa causa. O problema não é nem mandar embora, mas não pagar o que a gente tem a receber", diz Douglas Pereira da Silva, assistente financeiro da CBDA por 20 anos.

Entre verbas rescisórias e multa do FGTS, ele teria direito a cerca de R$ 50 mil. Mas só recebeu os 21 dias trabalhados em junho antes de ser demitido no meio do expediente sem direito sequer a voltar à sala de trabalho.

Os funcionários demitidos dizem que a antiga gestão, de Coaracy Nunes, havia deixado um fundo de reserva com cerca de R$ 500 mil exatamente para cobrir as já esperadas demissões caso a oposição assumisse a confederação. O balanço financeiro de 2016 aponta R$ 9,6 milhões em aplicações financeiras.

Nem todos os 19 funcionários que deixaram a CBDA foram demitidos. Ao menos quatro deles pediram demissão. Além disso, seis deles não tinham vínculo em carteira de trabalho, de forma que 12 fazem jus à verba rescisória.

"A gente não pode nem dar entrada no auxílio desemprego ou pedir para sacar o FGTS. De uma hora para outra, ficamos sem salário, sem ter como pagar nossas contas", diz Douglas, que nos próximos dias deve entrar com ação judicial contra a CBDA.

A confederação optou por não responder as reclamações dos ex-funcionários, nem à reportagem do Lance! desta quinta-feira que contou que uma empresa de turismo está atuando na CBDA sem licitação.

A entidade apenas publicou uma nota falando sobre o primeiro mês de gestão de Miguel. Ali, a entidade diz que vai "irá cumprir as determinações judiciais e compatibilizá-las com as orientações da FINA, COB, Ministério do Esporte e patrocinadores, em especial os Correios" e afirma que, neste período inicial, está "viabilizando a realização de despesas urgentes custeadas com recursos próprios para manter a entidade em funcionamento com diversas empresas dependendo da natureza dos gastos."

"A agenda do Presidente Miguel Cagnoni está pautada pelo que for viável e necessário para bem representar os desportos aquáticos do Brasil em qualquer cenário ou circunstância, especialmente durante o Mundial de Budapeste", completa a nota.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.