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Olhar Olímpico

Sem dinheiro, handebol deve ficar fora de Mundiais e pode ser suspenso

Demétrio Vecchioli

10/07/2017 14h03

A crise no esporte brasileiro está atingindo também modalidades que não tinham motivos para reclamar de falta de dinheiro, como o handebol. Nesta segunda-feira, a Confederação Brasileira de Handebol (CBHb) confirmou que a participação do Brasil nos Mundiais Júnior e Juvenil masculinos, neste e no próximo mês, corre sério risco de não acontecer. Mais cedo, reportagem do GloboEsporte revelou o problema.

"As relações dos atletas que serão convocados estão prontas e a documentação também. Porém, ainda estamos aguardando uma última possibilidade de confirmação de recursos, do contrário, infelizmente não teremos como participar das competições", explicou, em nota enviada ao Olhar Olímpico, o presidente da CBHb, Manoel Luiz Oliveira.

O Mundial Júnior começa no próximo dia 18, na Argélia, enquanto que a competição juvenil acontece na sequência, a partir de 8 de agosto, na Geórgia. Nos dois casos, o Brasil aparece inscrito normalmente e com jogos marcados. Mas não há equipe convocada, ou sequer treinando. Em caso de ausência, dificilmente a Federação Internacional de Handebol (IFH) teria tempo hábil para chamar outra equipe sul-americana para a vaga.

De acordo com a CBHb, "o handebol vem sendo afetado pelo atual cenário econômico negativo pelo qual passa o Brasil". A confederação ainda justificou os problemas financeiros lembrando que os Correios cortaram em 80% a verba destinada à modalidade no país. O principal patrocinador da confederação, porém, é o Banco do Brasil, que manteve o apoio, de R$ 8 milhões ao ano.

 

A se confirmar a ausência do Brasil nos Mundiais de base, o handebol brasileiro deve enfrentar ainda mais problemas. O primeiro deles, de ordem técnica. A seleção masculina vem evoluindo ao longo dos últimos anos, estruturada principalmente na melhora técnica das equipes de base. A ponto de o Mundial Júnior de 2015 ter sido realizado em Minas Gerais na tentativa de que uma equipe brasileira pela primeira vez fosse ao pódio.

Já a segunda complicação é financeira/administrativa. A IHF pode inclusive suspender a confederação brasileira caso as equipes não disputem a competição. Em 2013, a seleção júnior chegou a ser excluída da tabela do Mundial porque a CBHb não havia honrado dívidas contraídas junto à IHF para organizar o Mundial Feminino de 2011 em São Paulo.

Vale lembrar que problemas semelhantes já derrubaram presidentes das confederações de basquete e desportos aquáticos. A CBB foi suspensa pela Federação Internacional (Fiba) depois de deixar de realizar uma etapa do Circuito Mundial 3×3 no Rio, depois da Olimpíada, e também por não enviar equipes para torneios regionais de base. Já o processo que levou Coaracy Nunes à prisão começou após a CBDA deixar de levar o time masculino de polo aquático para um Mundial Júnior. Irritados, técnicos e dirigentes iniciaram as denúncias que acabaram por levá-lo à prisão. Entre os argumentos da condenação estava a não ida da equipe para o Mundial.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.