Crossfit deu 'empurrão' para Brasil conhecer nova promessa do levantamento de peso
Pense em levantamento de peso no Brasil. A primeira imagem que virá à sua cabeça provavelmente será a de Fernando Reis Saraiva, um brutamontes de 1,87m e mais de 140kg. Mas a grande esperança de medalha nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020, tem um jeitinho completamente diferente. No alto dos seus 1,47m e 48kg, Luana Madeira já coleciona quatro medalhas em Campeonatos Mundiais de base, feito inédito na modalidade no país, e não tira da cabeça a meta de repetir o feito no Pan de Lima, em 2019, e no ano seguinte na Olimpíada.
Ainda que estude Ciências Contábeis em uma das melhores faculdades de Belo Horizonte, Luana parece ter nascido para fazer halterofilismo. Treinava há apenas um ano quando foi ao pódio do Mundial da Juventude, em 2015, levantando 72kg no arranco (quando o halteres é levantado acima da cabeça em um só movimento) e 83kg no arremesso (ação realizada em três etapas). Por 2kg, ficou atrás da também brasileira Aline Facciola, que viria a ser flagrada em exame antidoping e suspensa.
"Na minha primeira competição, em 2014, eu já fazia 50kg no arranco e 60kg no arremesso", conta Luana. À época, tinha apenas 16 anos e poucos meses de treino no levantamento de peso. Ela havia chegado à modalidade, como muitos no Brasil atualmente, depois de pegar gosto pelo crossfit, um programa de treinamento baseado em movimentos funcionais.
Desde então, dedica a vida a treinar. "Desde o primeiro dia que fui treinar, nunca faltei um dia sequer", conta, orgulhosa, dizendo que sua programação inclui trabalhos de segunda a sexta, com média de quatro horas diárias. Aos 19 anos, ela ainda divide o tempo com o trabalho na parte financeira da empresa do pai pela manhã e a faculdade à noite.
Os músculos rasgados no braço e o trapézio largo não deixam dúvida, porém, de qual é a prioridade. "Para mim, esse é um estilo de vida. As pessoas ficam surpresas: 'Caraca, como pode tão pequena e forte?"', conta, orgulhosa do corpo que, segundo Luana, rende a ela diversas mensagens de pretendentes. "Mas eu nunca namorei. Eu dedico minha vida ao esporte, então não dá tempo. Mas eu sou super delicada."
Os resultados têm aparecido. Em 2016, ela foi vice-campeã sul-americana, levantando um total de 153kg, e com o mesmo resultado ganhou a prata no evento teste do Rio-2016. No último dia 15 de junho, foi bronze geral no Mundial Júnior, disputado no Japão. Com 79kg no arranco e 90kg no arremesso, só ficou atrás de duas tailandesas, mas bateu o recorde brasileiro adulto. Além do bronze geral, ainda foi prata no arranco.
De personalidade forte, Luana considera que esse é só o começo. Ela ainda quer ganhar mais uma medalha em Mundial Júnior, no ano que vem, antes de brilhar no Pan e na Olimpíada. Pelo índice Sinclair (divisão do peso levantado pelo peso corporal do atleta), a garota de 19 anos já tem resultado melhor do que o recorde brasileiro juvenil da categoria masculina mais leve.
Mas se a meta é brigar por uma medalha olímpica, ainda falta adicionar pelo menos mais 25kg na conta. Luana acredita que é possível e se espelha num ídolo improvável, o egípcio Mohamed Mahmoud, bronze no Rio na categoria até 77kg. "Ele parece ser um atleta muito dedicado, que tem muita vontade de treinar, que gosta de treinar duro. Vejo pelos vídeos dele e por isso eu o admiro muito." Treino, Luana promete, não vai faltar até que o sonho seja realizado.
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