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Olhar Olímpico

Bancado pelo COB após crise, taekwondo faz Mundial medíocre e volta sem medalha

Demétrio Vecchioli

30/06/2017 12h38

Enquanto a Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTKD) passava por intervenção judicial, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) entrou na jogada e, para não deixar que os atletas fossem prejudicados, assumiu a responsabilidade de levar os brasileiros para o Campeonato Mundial. A competição acabou nesta sexta-feira na Coreia do Sul e o Brasil teve um desempenho medíocre.

Não só nenhum brasileiro chegou ao pódio, como nenhum sequer se aproximou da medalha. Não só isso: a maioria deles foi eliminado de forma precoce. Um fracasso para uma modalidade que vinha de três medalhas nos últimos dois Mundiais, todas de bronze, com Guilherme Dias (2013), Venilton Teixeira e Iris Sing (2015) – nenhum deles foi ao Mundial. Além disso, o taekwondo do Brasil ainda foi bronze nos Jogos Olímpicos do Rio, com Maicon Siqueira.

E foi exatamente Maicon o melhor brasileiro em Muju. Na categoria peso pesado (+87kg), ele ganhou duas lutas, uma delas sobre o campeão mundial de 2011 Chol-Ho Jo, mas caiu nas quartas de final para Abdoul Issoufou, do Níger, mesmo rival de quem havia perdido nas quartas de final olímpica. Adriano Alves, promessa de 21 anos, também chegou até as quartas na categoria até 54kg.

Milena Toneli (até 67kg), Talisca Reis (até 49kg), vencendo uma luta, Edival Pontes (até 68kg, campeão mundial juvenil em 2014) e Davilani Chunha (até 63kg), com duas vitórias, chegaram até as oitavas de final.  Os demais caíram antes, muitos deles na estreia. De 16 brasileiros, nove não terminaram nem entre os 16 primeiros de suas categorias.

O resultado é frustrante para uma modalidade que subiu ao pódio em todos os eventos importantes do último ciclo olímpico. A crise política da CBTKD influiu, mas não serve de justificativa. Os atletas, afinal, tiveram uma preparação de primeiro nível, com direito a estágio de treinamento no Japão. Chama atenção o fato de que, dos nove atletas que ganham Bolsa Pódio, só seis tenham conseguido se classificar para o Mundial.

Edit – O post gerou repercussão na comunidade do taekwondo, incomodada principalmente com o uso do termo "medíocre". Recebi diversas mensagens, algumas ofensivas, assim como comentários aqui embaixo. Vale deixar, como contraponto, a postagem do atleta Guilherme Felix no Facebook.

"Concordo que foi ruim se tratando de número de medalha, mas avaliar tudo como 'medíocre' é realmente para quem não sabe o que está escrevendo. Analisando de forma lógica, o Brasil ainda nunca chegou ganhando diversas medalhas como outros países tradicionais desse esporte fazem. Ganhamos normalmente uma ou duas (até nenhuma como em 2011) em cada edição, assim, podemos ver que o resultado foi ruim, abaixo do esperado, em se tratando de medalhas. (Analisando) que em um contexto geral, a performance brasileira foi boa. Chego a essa análise porque os nossos atletas ganharam todas as lutas contra equipes que teoricamente somos mais fortes, lutaram com medalhistas mundiais e olímpicos (e até passaram por esses, como o Edival e o Maicon Andrade), teve aqueles que fizeram seu 'debut' e quase medalharam, como o Adriano Alves e Camila Bezerra, além de que todos honraram o nome do Brasil e disputaram no mesmo nível que todos os adversários, porque é difícil conseguir ter uma equipe bem nivelada e equilibrada para lutar de igual para igual contra qualquer adversário".

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.