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Olhar Olímpico

COI diz que custo da Rio-2016 condiz com o proposto em candidatura

Demétrio Vecchioli

16/06/2017 12h35

Muito perto de oficializar que Paris será sede da Olimpíada de 2024 e a de 2028 será realizada em Los Angeles, o Comitê Olímpico Internacional (COI) exaltou que o orçamento do Comitê Organizador da Rio-2016 tenha ficado dentro do que havia sido proposto no dossiê de candidatura apresentado em 2009: US$ 2,8 bilhões.

"Apesar dos desafios políticos e econômicos enfrentados pelo Brasil recentemente, nós temos a certeza de que o orçamento do Comitê Organizador, de US$ 2,8 bilhões, está em linha com o que havia sido proposto pelos organizadores na época da candidatura, em 2009", disse o COI, em nota enviada ao Olhar Olímpico.

Desde o início de 2015 o Comitê Rio-2016 apresenta o mesmo valor como orçamento: US$ 2,8 bilhões. Inicialmente, os números foram apresentados em reais (R$ 7,4 bilhões, a partir da cotação da época). Mas, como tanto as receitas como boa parte das despesas eram em dólares, o Rio-2016 passou a usar o número de US$ 2,8 bilhões quando o dólar disparou.

A partir da cotação atual, isso significa que o Rio-2016 gastou R$ 9,2 bilhões, valor parecido com o noticiado ao fim dos Jogos Paralímpicos, quando o dólar também estava próximo de R$ 3,30. O Rio-2016, porém, argumenta que essa conversão não é fidedigna, uma vez que, desde sua criação, em 2009, o dólar flutuou bastante e a maior parte de suas transações foram em dólar.

 

As dívidas, porém, estão calculadas em reais. Atualmente, o Comitê Rio-2016 deve cerca de R$ 117 milhões, depois de fechar 2016 devendo R$ 132 milhões. Entre os credores, como já mostrou o Olhar Olímpico, está o Comitê Olímpico do Brasil (COB), que pode deixar de receber mais de R$ 20 milhões.

A expectativa é que em algum momento do segundo semestre, o Rio-2016 comunique ao COI que não tem mais fontes de recursos e este acione o dispositivo que vai cobrar que a Prefeitura do Rio e o Governo do Estado do Rio arquem com as dívidas. Afinal, foram estes os dois entes federativos que deram as garantias financeiras para o Rio-2016 – o governo federal conseguiu escapar essa responsabilidade.

 

Em seu comunicado, o COI não comentou sobre a dívida do Comitê Rio-2016.  Mas disse que deu uma "grande contribuição" para a Olimpíada do Rio. "Isso incluiu um compromisso de US$ 1,5 bilhões e um excepcional esforço para cortar custos, e uma contribuição financeira de todos os stakeholders olímpicos (partes interessadas nas Olimpíada) para fazer esses Jogos possíveis", escreveu o COI.

A entidade internacional não comentou a respeito dos números finais da matriz de responsabilidades, apresentados na quarta-feira. De acordo com a Autoridade de Governança do Legado Olímpico (AGLO), o custo direto da Olimpíada foi de R$ 7,2 bilhões. Para chegar ao valor, porém, a AGLO excluiu itens que apareciam na versão anterior da matriz, como o custo com arquibancadas provisórias.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.