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Olhar Olímpico

No Troféu Brasil, juvenis batem recordes históricos e renovam cara do atletismo

Demétrio Vecchioli

09/06/2017 18h50

(RicardoBufolin/ECP)

Quem tentar comparar os melhores resultados do Troféu Brasil de Atletismo com as melhores marcas do mundo vai encontrar uma discrepância muito grande. O primeiro dia da competição em São Bernardo do Campo (SP), porém, foi mais um sopro de esperança para o atletismo brasileiro. Os vencedores da prova mais curta (100m) e da mais longa (10.000m) têm menos de 20 anos e quebraram recordes sul-americanos juvenis.

Nos 100m, a vitória foi de Paulo André Camilo, de apenas 18 anos, com o tempo de 10s18. O tempo o coloca no 13.º lugar no ranking histórico da prova no Brasil. Tão ou mais importante é observar que a marca deixa o brasileiro em quarto lugar no ranking mundial sub-20 de 2017. E ele ainda tem mais um ano de juvenil para se desenvolver.

A marca poderia ter sido ainda melhor se Paulo, atleta do Pinheiros e filho do ex-velocista Carlos Camilo, que representou o Brasil no Mundial de 1987, não tivesse sentido uma lesão muscular a cerca de 10 metros da chegada. "Eu pedi a Deus para ganhar, não tempo, então ele me fez ganhar. Eu sei que tenho perna para correr rápido", afirmou, minimizando ter batido o recorde sul-americano juvenil. Disse que Usain Bolt já era finalista de Mundial aos 18 anos, então ele não pode se contentar com pouco. Felipe Bardi, outro de 18 anos, foi terceiro colocado, com 10s27.

No feminino, a vitória nos 100m foi de Rosângela Santos, com 11s20, mas ela foi seguida de perto por Vitória Rosa, menina formada no CEFAN, no Rio, e que esse ano passou a defender o B3 (antigo clube BM&F Bovespa). Ela já havia feito o índice para o Mundial de Londres nos 200m no sábado, no GP Brasil, e agora fez o índice também nos 100m: 11s24. Aos 21 anos, ela já é a quinta do ranking brasileiro de todos os tempos.

Na última prova do dia, os 10.000m, Daniel Ferreira do Nascimento venceu pela primeira vez entre os adultos. Campeão sul-americano sub-18 no domingo, na Guiana, ele tem só 18 anos e deixou para trás veteranos como Giovani dos Santos, Franck Caldeira e Solonei Gomes, todos de mais de 30 anos. A marca de 29min13s34 é o novo recorde sul-americano juvenil, superando um feito de Franck que já durava 15 anos.

Outro recorde, este brasileiro adulto, veio no martelo, antiga prova mais fraca do atletismo nacional. Mariana Grasielly Marcelino lançou o martelo a 67,02m e melhorou um recorde que ela já havia batido no mês passado. O índice para o Mundial ainda está longe: é 71,00m

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.