Confederação de Tênis de Mesa beneficiou técnico que cobrava propina, avalia CGU
Demétrio Vecchioli e Léo Burlá
Do UOL, em São Paulo e no Rio de Janeiro
Acusado de cobrar propina dos atletas da seleção paraolímpica de tênis de mesa para que eles seguissem ou entrassem na seleção e, consequentemente, ganhassem uma bolsa mensal de mais de R$ 3 mil, o técnico José Ricardo Rizzone foi diretamente beneficiado por um convênio da Confederação Brasileira (CBTM) e o Ministério do Esporte, segundo avaliação da Controladoria Geral da União (CGU).
O relatório de fiscalização foi obtido pela reportagem do UOL Esporte e contesta, além das bolsas concedidas sem critério, o fato de os equipamentos adquiridos a partir do convênio terem sido destinados ao Centro de Treinamento Rizzone, que não é administrado pela CBTM, mas sim por Rizzone.
"O local é alugado do Clube AABB/DF diretamente pelo antigo técnico da seleção paraolímpica de tênis de mesa [Rizzone]. Verificou-se, adicionalmente, que o mesmo é sócio da empresa Rizzone Tênis de Mesa Ltda, mas que o mencionado aluguel foi formalizado diretamente com o ex-técnico (pessoa física)", contesta a CGU.
De acordo com o relatório, não houve relação formal estabelecida diretamente entre o CT beneficiado pelo convênio e a CBTM. Para a CGU, a relação existente durante a vigência do convênio se deu apenas de maneira pessoal. Além disso, como o CT não é dedicado exclusivamente ao treinamento seleção paralímpica, houve, no entender da CGU, um "desvio de utilização" dos equipamentos comprados com dinheiro público.
Rizzone foi demitido em julho do ano passado, depois que um dos atletas denunciou que o treinador cobrava entre 10% e 13% da bolsa, de até R$ 3,1 mil, para mantê-los na seleção. Ao menos sete mesatenistas efetuaram os pagamentos e, após as investigações da 4ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal, o treinador foi indiciado pelo crime de concussão.
O relatório da CGU mostra o impacto dessas irregularidades. Sem detalhar nomes, o relatório aponta atletas que, a partir do projeto do convênio entre CBTM e Ministério do Esporte, deveriam receber R$ 117 mil em bolsas durante mais de dois anos, ganharam, na verdade, só R$ 12 mil. Enquanto isso, atletas que não constavam no convênio ganharam até R$ 114 mil em bolsas não aprovadas pelo Ministério.
Juntos, sete atletas incluídos no programa sem aprovação do Ministério, que é quem pagava as bolsas, ganharam quase R$ 400 mil. Considerando que Rizzone cobrava propina de pelo menos 10%, isso significa que, só nesses seis casos, ele arrecadaria R$ 40 mil. No total, o convênio pagou R$ 1,6 milhões a atletas paraolímpicos de tênis de mesa durante o ciclo passado.
Em nota, a CBTM disse que "as alterações ocorridas são plenamente justificáveis e tiveram como motivos desde a não adesão de atletas ao programa, por questões pessoais, a questões técnicas e de rendimento esportivo". A entidade não citou a denúncia contra Rizzone, que acabou demitido.
Com relação ao CT do treinador, a CBTM alega que firmou parceria com "o CT de Brasília" e que este cedeu as dependências para a execução do projeto sem qualquer ônus e que todo do material permaneceu no local para plena utilização dos atletas. "Em troca da disponibilidade do espaço, a CBTM deixaria o material utilizado neste período de preparação como legado para o CT", explicou a entidade.
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