Para impressionar Fiba, CBB anuncia interesse em CT que nunca saiu do papel
Um centro de treinamento moderno, exclusivo para o desenvolvimento do basquete, ao custo de R$ 30 milhões, tudo pago por dinheiro público. O projeto é de 2014 e deveria ter sido entregue em 2016. Até agora, nenhum tijolo foi colocado na obra. Mas a presença de um inspetor da Federação Internacional de Basquete (Fiba) no Brasil fez a Confederação Brasileira de Basquete (CBB) anunciar na última sexta-feira o interesse de usar um CT que nunca saiu do papel – e dificilmente sairá. Com isso, conseguiu constranger ao mesmo tempo duas prefeituras que estavam interessadas em ajudar.
Isso porque, na sexta-feira, a prefeitura de Campinas convocou uma entrevista de imprensa, em conjunto com a CBB, para anunciar que o ginásio do Clube Concórdia será o novo centro de treinamento das seleções brasileiras de basquete, num contrato inicial de dois anos. A estrutura, que estava ociosa, será alugada por R$ 15 mil mensais e servirá das equipes de base até o time adulto.
Em meio ao evento, o diretor executivo da CBB, Marcelo Sousa, falou com o jornal O Estado de S.Paulo para anunciar que a passagem por Campinas seria temporária. Que, na verdade, a nova casa do basquete seria numa cidade ao lado. "É uma coisa fabulosa. Seria o nosso sonho de consumo maior, uma instalação que estaria toda ela modelada para o basquete", disse ao Estadão. A prefeitura de Campinas, claro, ficou bastante incomodada.
Mas a de Jundiaí também. Ao anunciar interesse na utilização do tal Centro de Excelência de Basquete, a CBB lembrou a imprensa de que a obra está mais de três anos atrasada.
O convênio entre Ministério do Esporte e Prefeitura de Jundiaí foi firmado em dezembro de 2014. O governo federal se comprometeu a disponibilizar R$ 30 milhões para que o CT fosse construído até meados de 2016. O prazo depois foi estendido até 2018, mas até agora nenhuma obra foi realizada no terreno. Oficialmente, para o Ministério do Esporte, a obra apresenta 2,35% de execução. Até agora, em dois anos e meio, foram empenhados R$ 4,5 milhões, mas sequer a totalidade dessa verba foi gasta ainda. Sem entregar a primeira parte do combinado, não há como receber o restante.
A possibilidade de a CBB utilizar esse CT foi discutida em uma reunião em março entre o presidente da CBB, Guy Peixoto, e o prefeito de Jundiaí, Luiz Fernando Machado. De acordo com a CBB, na época ficou acordado que a confederação apresentaria uma "carta de custeio e gestão", se responsabilizando pelo CT depois que ele ficasse pronto.
Na sexta-feira, porém, a prefeitura foi pega de surpresa pela notícia divulgada pela CBB. A nova gestão da prefeitura desconhece os detalhes do antigo convênio e as razões pelas quais a obra não foi sequer iniciada. Por isso, a administração municipal sequer quis comentar ao UOL as possibilidades de tirar o CT do papel, ainda que, nos bastidores, a prefeitura entenda que o obra de R$ 30 milhões, nesse momento, seja improvável.
A pressa da CBB está relacionada ao fato de que, na sexta-feira, ainda estava no Brasil o emissário da Fiba, o espanhol José Luis Sáez, que veio conferir de perto as ações da atual administração do basquete brasileiro. A CBB segue suspensa pela Fiba e terá seu caso revisto no próximo dia 21, após Sáez entregar o seu relatório.
O mal-estar entre CBB e Prefeitura de Jundiaí fez a entrega da tal carta, que havia sido anunciada para a última segunda-feira, ser adiada. A CBB diz que não tem informações sobre o andamento da obra.
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