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Olhar Olímpico

Lochte encerra silêncio sobre escândalo no Rio e admite que estava bêbado

Demétrio Vecchioli

05/06/2017 19h17

Personagem central de um dos maiores escândalos dos Jogos Olímpicos do Rio, o nadador norte-americano Ryan Lochte encerrou o silêncio e falou abertamente sobre o caso em entrevista ao jornal britânico The Times. Reclamando que a imprensa procurava um bode expiatório e por isso apontou o dedo a ele, o dono de 12 medalhas olímpicas admitiu que só fez o que fez porque estava bêbado.

"Eu estava bêbado. Esse foi meu erro. Você sabe, eu e os outros caras provavelmente não teríamos parado no posto de combustível. Nós provavelmente teríamos esperado até chegarmos em casa (na Vila dos Atletas), teríamos tomado decisões melhores", afirmou ao jornal.

Recordando os fatos: após encerrar sua participação na Olimpíada, Lochte e mais três nadadores americanos foram curtir a agitada noite de sábado numa festa na Lagoa Rodrigo de Freitas. Ao voltarem para a Vila dos Atletas, na Barra, Lochte reclamou que eles foram assaltados. A polícia foi investigar e descobriu que na verdade eles pararam num posto de gasolina, e, embriagados, vandalizaram o banheiro do local. Seguranças e nadadores não falavam a mesma língua, esses não entenderam que deveriam pagar a conta e aqueles acabaram por apontar armas para que os vândalos não fugissem deixando o prejuízo.

Agora, Lochte tenta justificar por que disse que foi assaltado. "Sim, eu exagerei sobre ter a arma apontada para a minha cabeça, mas ela estava apontada na minha direção, não importa se a uma polegada ou a cinco passos. Nós estávamos todos assustados e tivemos que dar dinheiro a eles. Se você quiser chamar de extorsão, ou que nós tivemos que dar o dinheiro para pagar o que foi quebrado, você quem decide. A mídia se afastou dos fatos", reclamou, alegando que o banheiro ficou "completamente intacto".

Assim, sobrou para a imprensa a culpa pelo escândalo. "A imprensa definitivamente pegou isso e fez isso maior do que era. Eles não pegaram os fatos em si, mas queriam apontar o dedo e apontaram o dedo para mim. Eu acho que as pessoas simplesmente pularam para a conclusão."

Ainda que Lochte tenha uma nova vida, agora noivo e pai de um bebê, as consequências do escândalo continuam afetando sua carreira esportiva. Além do prêmio de US$ 100 mil e dos patrocínios perdidos, ele segue cumprindo uma suspensão de 10 meses que vai tirá-lo da seletiva americana para o Mundial de Natação de Budapeste. Ou seja: Lochte só volta às competições em agosto.

Ele, porém, tenta aproveitar esse descanso forçado. "Minha mente e meu corpo precisavam se recuperar depois de não tirarem folga por 18 anos. Era a hora", diz, prometendo seguir na natação até os Jogos de Tóquio, em 2020, quando finalmente não terá Michael Phelps para lhe fazer frente.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.