Governo divulga contemplados por Bolsa Pódio e deixa Thiago Braz e Poliana fora
O governo federal divulgou nesta sexta-feira uma lista com 91 atletas "olímpicos" e 92 paralímpicos beneficiados pelo primeiro edital do Bolsa Pódio do novo ciclo olímpico. A lista deixou de fora diversos atletas que foram finalistas olímpicos, inclusive alguns medalhistas, como Thiago Braz, Poliana Okimoto, Felipe Wu, Martine Grael e Kahena Kunze. Por outro lado, uma atleta que nunca disputou um Mundial ou uma Olimpíada vai ganhar uma bolsa de R$ 5 mil do governo.
Questionado sobre os medalhistas citados, o Ministério do Esporte explicou apenas que os casos deles "estão em processo final de análise e de complementação de documentação" e que todos serão contemplados após a finalização dessas etapas. A pasta não explicou, porém, por que a primeira lista foi divulgada com tantos nomes faltando.
Além disso, as informações não batem. Sobre Thiago Braz, a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) disse que
foi informada de que o saltador recebeu os benefícios da fase anterior do Bolsa Pódio até abril de 2017. Como a turma divulgada agora receberá bolsas retroativas a março, ele não poderia fazer parte dela, entrando apenas numa segunda lista, que ainda será divulgada.
A última vez que Thiago Braz foi contemplado foi 26 de junho do ano passado, numa lista que tinha, entre outros, Isaquias Queiroz, Arthur Nory, Martine Grael e Poliana Okimoto. Os dois primeiros conseguiram a renovação, mas as medalhistas olímpicas não. A CBDA não soube explicar por que a maratonista aquática não foi contemplada, mas informou que apresentou outros 10 nomes ao Ministério do Esporte no último dia 10, dos quais seis foram aprovados – seus nomes ainda serão divulgados.
A lista divulgada nesta sexta-feira no Diário Oficial tem diversas incoerências. No atletismo, por exemplo, foi beneficiado Wagner Domingos (12.º colocado no martelo na Rio-2016), mas não Altobeli da Silva (nono nos 3.000m com obstáculos) ou Paulo Roberto Paula (15.º colocado na maratona). Este último sequer foi indicado pela CBAt, ainda que o edital tenha sido aberto aos brasileiros que estão entre os 20 melhores do mundo.
Outra que não foi indicada é Flávia Oliveira, sétima colocada no ciclismo de estrada na Rio-2016. Nos saltos ornamentais, o Brasil teve vaga garantida em todas as provas sincronizadas na Olimpíada, como dono da casa, ficando em oitavo e último lugar em todas elas. Hugo Parisi e Jackson Rondinelli, da plataforma, ganharam bolsa de R$ 11 mil mensais, mas Ian Matos e Luiz Outerelo, do trampolim, não. Já Giovana Pedroso e Ingrid Oliveira, que obtiveram o mesmíssimo resultado, até foram beneficiadas, mas ganharão R$ 8 mil, apenas.
Na natação, o Ministério do Esporte não permitiu a inscrição dos atletas que levaram o Brasil a finais olímpicas. No atletismo, eles também não foram contemplados. É uma mudança de postura no programa, que sempre admitiu atletas de revezamentos.
Já no taekwondo, ainda que só quatro brasileiros tenham disputado a Olimpíada, são nove beneficiados pelo Bolsa Pódio – contra apenas seis do atletismo e da natação. Chama atenção na relação o nome de Valéria Rodrigues, atleta que nunca defendeu a seleção brasileira e nunca participou sequer de um Campeonato Mundial da modalidade.
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