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Olhar Olímpico

Casa da Moeda culpa oxidação e já tem 137 medalhas da Rio-2016 para reformar

Demétrio Vecchioli

25/05/2017 17h21

Medalha olímpica de ouro descascaPelo menos 137 atletas já procuraram seus comitês olímpicos nacionais para reclamar que suas medalhas recebidas nos Jogos Olímpicos do Rio estão apresentando problemas, principalmente descascando. A maior parte deles são norte-americanos, mas a expectativa do Comitê Organizador dos Jogos Rio-2016 é que, com a publicidade do problema, mais atletas aproveitem para também buscarem "reformar" suas medalhas.

A polêmica já havia surgido em setembro do ano passado, logo após os Jogos do Rio, e em outubro o Comitê Rio-2016 anunciou que faria o conserto das medalhas que apresentassem defeitos. Mas o assunto voltou à tona na semana passada, quando uma agência de notícias francesa apresentou novos casos. Depois, o comitê olímpico norte-americano anunciou que enviaria 78 medalhas de volta ao Rio.

Em nota, a Casa da Moeda, que foi quem produziu as medalhas , disse que os problemas "são oriundos de oxidação causada pelo rompimento decorrente de impactos na camada do verniz protetivo". A instituição estatal disse ainda que aguarda do Comitê Olímpico Internacional (COI), "com quem já vem mantendo entendimentos", o envio das medalhas para imediata restauração.

O Olhar Olímpico apurou que nenhuma dessas 137 medalhas, entregues por comitês como o francês, o norte-americano e o mexicano, chegou ainda ao Brasil. Por falta de estrutura física, o Comitê Rio-2016 não vai se envolver logisticamente no processo, com o COI remetendo as medalhas diretamente à Casa da Moeda.

Pelo menos duas dessas medalhas são de atletas brasileiras. Campeãs da classe 49er FX da vela, Kahena Kunze e Martine Grael já procuraram o Comitê Olímpico do Brasil (COB), de forma informal, e vão remeter suas medalhas direto para a Casa da Moeda.

O blog entrou em contato com o staff alguns atletas medalhistas olímpicos para questionar sobre eventuais falhas nas medalhas. Lucão e Bruninho, do vôlei, Arthur Zanetti, da ginástica, e Mayra Aguiar, Rafaela Silva e Rafael Silva, do judô, afirmaram, via assessoria de imprensa, que com as deles está tudo ok. Robson Conceição disse que a dele tem apenas arranhões normais causados pelo manuseio.

Por outro lado, o jogador de vôlei de praia Alison reclamou que a medalha de ouro dele está descascando e perdeu o brilho (vide foto), mesma situação das medalhas conquistadas por Arthur Nory e Diego Hypolito (prata e bronze) no solo da ginástica artística. Os três deverão enviar suas medalhas para reforma. Formalmente, nem o COB nem o Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB) receberam pedidos. Pelas redes sociais, o mesa-tenista paraolímpico Israel Stroh postou a foto abaixo e disse que fica "meio incomodado" de mandar a medalha para o conserto.

De acordo com o Rio-2016, os problemas das medalhas são recorrentes nos Jogos Olímpicos e muitas delas são causadas pelo manuseio. O blog falou com três medalhistas dos Jogos de Londres – Felipe Kitadai, Arthur Zanetti e Adriana Araújo – e nenhum deles teve problemas com suas medalhas.

Medalha de bronze de Israel Stroh

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.