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Olhar Olímpico

Derrota de Poliana em seletiva encerra dinastia na maratona aquática

Demétrio Vecchioli

12/05/2017 05h00

(Satiro Sodre/SSPress)

Falar em maratona aquática no Brasil é pensar em Poliana Okimoto e Ana Marcela Cunha. E isso não é à toa. Desde que ambas começaram a dar visibilidade à modalidade, em 2006, uma só teve à outra como rival. Juntas, elas foram a três Jogos Pan-Americanos (2007, 20011 e 2015), oito Mundiais (2006, 2007, 2008, 2009, 2010, 2011, 2013 e 2015) e teriam ido a três Olimpíadas se as regras para levar duas brasileiras não fossem tão duras. Nesta quinta-feira, porém, essa dinastia acabou.

Na seletiva para o Mundial de Budapeste, disputada em Foz do Iguaçu (PR), Ana Marcela venceu e foi seguida não de Poliana, mas da jovem Viviane Jungblut, do Grêmio Náutico União (GNU), de apenas 20 anos. Poliana, medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos do Rio, chegou junto com as rivais, mas bateu em terceiro. Como só havia duas vagas em jogo, ela não vai disputar o Mundial nos 10km. Isso só não havia acontecido duas vezes: nas edições de 2002 e 2004, antes de Poliana estrear na modalidade.

Isso aconteceu em 2005, um ano antes de Poliana ganhar duas medalhas de prata (5km e 10km) no Mundial de Nápoles (Itália). Aos 14 anos, Ana Marcela também fez sua estreia na Itália, terminando em 11.º. Desde então, uma só teve à outra como rival. O blog chegou os resultados de todas as provas oficiais no Brasil até 2010 e não encontrou nenhuma derrota de uma delas para alguém que não Ana Marcela ou Poliana. Não foi possível encontrar no site da CBDA resultados mais antigos do que isso.

Poliana, de qualquer forma, há bastante tempo não competia em provas nacionais. Ela raramente disputa etapas do Campeonato Brasileiro e não precisou passar por seletivas para o Rio-2016 e o Mundial de 2015. No ano passado, ela participou da etapa do Guarujá (SP) do Brasileiro e venceu a própria Viviane Jungblut, medalhista de prata, com mais de quatro minutos de folga.

Naquele momento, em junho do ano passado, a diferença técnica entre ela e todas as demais maratonistas do país (exceto Ana Marcela, claro) era tão grande que a largada da etapa do Guarujá foi mista, para que Poliana competisse contra os homens. E, no geral, ela chegou em quarto. Ana Marcela, que participa de eventos nacionais com mais regularidade, também competiu diversas vezes contra homens quando não tinha Poliana para rivalizar.

Esse cenário agora faz parte do passado. Apesar da pouquíssima idade, Viviane já alcançou algo que outras maratonistas que tentam desafiar a supremacia de Poliana e Ana Marcela (Carolina Bilich e Betina Lorscheister especialmente) nunca sequer passaram perto de conseguir.

E Poliana que se cuide na prova de 5km, no sábado. Além de Ana Marcela e Viviane, campeão dos 800m e dos 1.500m no Maria Lenk, terá como adversária Joanna Maranhão, outra atleta da Unisanta, que vai nadar sua segunda maratona aquática. Não será nenhuma surpresa se a veterana das piscinas, na melhor fase da carreira, conseguir uma vaguinha no Mundial também nas águas abertas.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.