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Olhar Olímpico

Na primeira maratona da vida, ela já se classificou para o Mundial

Demétrio Vecchioli

01/05/2017 04h00

(Ricardo Bufolin)

Desde que Adriana Aparecida da Silva fez sua estreia na distância, a maratona feminina brasileira é dependente da atual bicampeã pan-americana. Mas esse cenário parece estar perto de mudar. Valdilene dos Santos Silva, a Nininha, de apenas 25 anos, fez sua primeira maratona no domingo passado, em Hamburgo, e já atingiu o índice para o Mundial de Atletismo. Queimando etapas e correndo machucada, Nininha registrou a melhor estreia de uma brasileira em maratonas, ao menos neste século.

O alto risco de lesões faz com que as provas de 42,195km sejam disputadas principalmente por atletas mais calejados. Adriana, por exemplo, só foi correr uma maratona pela primeira vez aos 28 anos, em 2009. À época, marcou 2h40min54s em Berlim.

Oito ano depois, outra atleta treinada por Cláudio Castilho aparece para renovar a prova. Nininha foi terceira colocada no ranking nacional dos 10.000m no ano passado, mas via que a chance de se classificar para um Mundial era mínima. "No Brasil não tem atletas que possam ajudar a fazer os índices exigidos. Tem que sair para fora, achar uma provas fortes, mas para correr essas provas você já tem que estar correndo uma marca forte. É bem mais complicado para se inscrever", explica a fundista de 1,57m e 46kg.

Assim, desde o fim do ano passado Nininha vinha aumentando o ritmo de treinamento para a estreia. No treino em altitude em Paipa, na Colômbia, sentiu uma lesão que a fez ficar duas semanas sem correr. Só voltou a treinar 10 dias antes da largada em Hamburgo. Mesmo assim, foi sétima colocada, com 2h35min33s, a apenas 49 segundos de Adriana, que chegou uma posição à frente. Na comparação com a estreia da colega de treinos, foi mais de cinco minutos mais rápida.

Ainda assim, a expectativa era maior. "A gente esperava uma marca mais forte, mas como sofri uma lesão durante os meses de preparação, a gente optou por correr num ritmo mais seguro", conta Nininha, que há 11 anos defende o Pinheiros, depois de ser revelada num projeto social em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo.

A marca é melhor do que o índice exigido pela IAAF para o Mundial de Londres (2h45min) e deixa Nininha em segundo no ranking nacional, só atrás de Adriana. A convocação delas, porém, não é garantida pela CBAt, que exige que os atletas fechem o período de qualificação (até 7 de maio) entre os 50 primeiros do ranking, levando em consideração três atletas por País.

 

 

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.