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Olhar Olímpico

Por um voto, Nuzman perde chance de presidir a Odepa

Demétrio Vecchioli

26/04/2017 10h55

Buda Mendes/Getty Images

O brasileiro Carlos Arthur Nuzman foi derrotado na eleição para a presidência da Organização Desportiva Pan-Americana (Odepa), realizada nesta quarta-feira, no Uruguai. Ele e o chileno Neven Ilic empataram no segundo lugar da primeira rodada da votação, com 14 votos, e, no desempate, o presidente do comitê olímpico do Chile levou a melhor. Com o apoio de Nuzman, Ilic, porém, venceu a rodada final contra o dominicano José Puello, por 26 a 25, sendo eleito para um mandato de quatro anos.

Nuzman e Ilic confirmaram as expectativas de que se uniriam num eventual segundo turno contra Puello, que recebeu 23 votos na primeira rodada, apoiado pelo Caribe. O que não se esperava é que a disputa pelo segundo lugar na primeira rodada fosse tão equilibrada, com o brasileiro e o chileno recebendo 14 votos. No desempate, Ilic levou a melhor sobre Nuzman, apoiado pelos caribenhos, que acreditavam que seria mais fácil vencer o chileno do que o brasileiro no turno final.

No segundo turno, os eleitores de Nuzman e Ilic se uniram, gerando 26 votos para o chileno, contra 25 de Puello. A votação foi fechada.

"Perder ou ganhar faz parte do jogo. Esse é o espírito de todo atleta que eu preservo comigo. Já ganhei e já perdi, dentro e fora da quadra. Cumprimentei o novo presidente e reforcei a ele a importância de estarmos unidos para a revitalização dos Jogos Pan-Americanos, que é fundamental para o esporte do nosso continente", comentou Nuzman, que é presidente da ODESUR, organizadora dos Jogos Sul-Americanos. Em 2014, o evento aconteceu em Santiago, organizado por Ilic.

A assembleia geral da Odepa é formada por 41 comitês olímpicos nacionais, dos quais 10 têm direito a voto em dobro, por já terem sido sede dos Jogos Pan-Americanos: Argentina, Brasil, Canadá, Colômbia, Cuba, Estados Unidos, México, República Dominicana, Porto Rico e Venezuela.

O comando da entidade ficou 40 anos nas mãos do mexicano Mario Vázquez Raña, que assumiu a presidência em 1975 e seguiu se reelegendo até 2015, quando faleceu. Ele foi substituído pelo vice-presidente Julio Cesar Maglione, uruguaio que comanda a Federação Internacional de Natação (Fina). Aos 81 anos, ele não tentou a reeleição e, na terça, foi apontado como presidente honorário da Odepa.

Inicialmente, cinco dirigentes apresentaram candidatura, mas dois deles, ambos do Caribe, de São Vicente e Granadinas  e de Santa Lúcia), desistiram em favor de Puello. O Brasil só comandou a Odepa por quatro meses, em 1971, quando Sylvio de Magalhaes Padilha foi presidente interino. Foi na gestão dele que foi realizado o Pan de Cali, na Colômbia.

Com a derrota na eleição de Odepa, inesperada para quem acabou de organizar uma Olimpíada e tinha grande cacife eleitoral, Nuzman deve continuar à frente do Comitê Olímpico do Brasil (COB). Ele foi reeleito para mais quatro anos e comanda o COB até os Jogos de Tóquio. Depois, por determinação da Lei Pelé, não poderá mais se reeleger. Ele vem preparando Paulo Wanderley, atual vice, para ser seu sucessor. Wanderley até se afastou da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), elegendo sucessor.

Sobre o autor

Demétrio Vecchioli, jornalista nascido em São Roque (SP), é graduado e pós-graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Começou na Rádio Gazeta, foi repórter na Agência Estado e no Estadão. Focado na cobertura olímpica, produziu o Giro Olímpico para o UOL e reportagens especiais para a revista IstoÉ 2016. Criador do Olimpílulas, foi colunista da Rádio Estadão e blogueiro do Estadão, pelo qual cobriu os Jogos do Rio-2016.

Está disponível para críticas, elogios e principalmente sugestões de pautas no demetrio.prado@gmail.com.

Sobre o blog

Um espaço que olha para os protagonistas e os palcos do esporte olímpico. Aqui tem destaque tanto os grandes atletas quanto as grandes histórias. O olhar também está sobre os agentes públicos e os dirigentes esportivos, fiscalizados com lupa.