Impedida de receber recursos, CBTKD escolhe novo presidente em clima de guerra
Comandada por um interventor judicial e alvo de operação da Polícia Federal, a Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTKD) elege seu novo presidente nesta segunda-feira, no Rio, em clima nada amistoso. Afastado pela Justiça, Carlos Fernandes tentou concorrer à segunda reeleição, mas teve sua chapa impugnada. A disputa promete ser acirrada entre Yeo Jun Kim, de São Paulo, e Alberto Cavalcante Maciel Junior, do Amapá. Ambos vêm trocando acusações nos bastidores e chegam à eleição acreditando que vencerão por pequena margem. Jadir Fialho Figueira, do Rio, corre completamente por fora.
Empresário sul-coreano naturalizado brasileiro, Kim é adversário histórico de Carlos Fernandes, que, enquanto presidente da CBTKD, manobrou para que pessoas nascidas fora do Brasil não pudessem concorrer. Fernandes também conseguiu a desfiliação da FETESP, federação paulista comandada por Kim, e da Liga Nacional de Taekwondo, do irmão do coreano.
Junior, por sua vez, é o treinador que revelou, entre outros, o medalhista mundial Venílton Teixeira. Nos Jogos Olímpicos do Rio, foi o técnico da equipe masculina que conquistou a medalha de bronze com Maicon Andrade. Ele tem o apoio de Natalia Falavigna (bronze em Pequim-2008) e das federações do Norte e Nordeste. Já Kim tem a candidatura sustentada pelas federações do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, mas apresentou como vice um dirigente de Sergipe. Segundo ele, para acabar com essa disputa regional.
Nos bastidores, ambos trocam acusações. Kim teria tentado trazer a eleição para São Paulo e Júnior respondeu com a Federação do Amapá, presidida pelo seu irmão, oferecendo passagens para que a eleição ocorresse em Macapá. O que era para ser só uma estratégia para forçar que o pleito fosse realizado em local neutro acabou virando argumento para Fernandes tentar impugnar a candidatura de Junior.
Já o treinador nortista tem reclamado que o interventor da CBTKD, Carlos Carvalho, indicado pelo Ministério Público Federal, é aluno de Kim, que estaria tirando vantagem desta situação. Carvalho, inclusive, solicitou à Justiça que a eleição ocorresse com votação secreta, o que não foi aceito – os votos serão abertos.
Em meio a uma histórica briga para definir quais federações têm direito a voto (como o taekwondo demorou a se organizar como modalidade no Pais, há vários Estados têm mais de uma federação), a Justiça apontou que apenas 23 delas estão aptas a votar. Dessas, porém, duas não deverão apresentar a documentação necessária e já não estão sendo consideradas pelos candidatos.
Na última quinta-feira, mais uma peça foi colocada no tabuleiro. Campeão do Pan do Rio-2007, Diogo Silva apresentou uma carta com a assinatura de cerca de 50 atletas e foi indicado para ser o representante dos atletas, numa vitória de Kim. O sul-coreano, porém, perdeu outro pleito na Justiça, que decidiu que a Liga comandada por seu irmão não poderá votar.
Assim, o colégio eleitoral deve ter 22 votos, com cada um dos dois candidatos favoritos apostando que terá pelo menos 10 desses votos. Ao que tudo indica, a eleição será decidida pelos dois ou três votos de aliados de Carlos Fernandes, ainda que nem Kim nem Júnior admitam a possibilidade de se aliarem ao ex-dirigente.
"Eu inclusive achava que deveriam liberar o Carlinhos para ele ser candidato, para ele ser derrotado nas urnas. Quem ia apoiar um cara desses?" questiona Júnior. "Eu acho que ele deveria se preocupar em se explicar à Justiça, não ao taekwondo", critica Kim. Eleito em 2010 e reeleito em 2013, Fernandes não foi encontrado para comentar.
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